segunda-feira, fevereiro 13

O vento que vem de ti

Desde que você se foi
Lágrimas eu derramei.
Plantei muita saudade
Em colher teus beijos, sonhei.
Na Praia de Iracema
choro tua partida.
Me pergunto quem se foi:
Eu ou minha querida?
Parece que foram os dois
Pois vejo (nós) perecer.
Na praia quero deitar
Do céu ser banhado.
Com perícia procurar o vento
Que vem do teu cheiro trançado
A cobrir minhas lembranças,
Meu bem tenho a esperança
De outro dia ser feliz
Basta que a distância
Seja ínfima, seja triz!

Texto escrito por: Hermes Veras http://contraargumento.com/secao/colunas/todo-chaveiro-e-inutil/

sábado, outubro 29

Nada para


Foto by Google 
Ela caminha entre a multidão
Acelera os passos
O coração acelera
A respiração sôfrega se dilui
Os olhos veem rostos irreconhecíveis
Então cai
E ninguém vê
As pessoas não param
O trânsito buzina
O sol de meio dia ofusca
O relógio central dá o sinal
E ela caída, só vê passos
Fecha os olhos e pensa
Pensa naquele momento estático
No minuto em que sua vida parou
Os pensamentos chegam a 100km/h
E nada ao redor para
O mundo continua a rodar
Então ela levanta e segue seu caminho
Assim de repente


Preto


 Foto by Google
Sorrateiramente passa pelas pernas
Preto com olhar verde
Olha-te e pede atenção

Passos elegantemente preguiçosos
Precisa de um afago antes de ir
Escolhe o lugar, avalia a luz
Deitasse lentamente

Dorme um sono vespertino
Acorda, já é noite
Estica músculo a músculo
Solta um som característico

Busca forças na vitamina enlatada
O leite brilha no pote ao lado
Ouve seu nome e acelera os passos
Reconhece a voz, é seu dono



domingo, outubro 9

Tudo do avesso

                                                                                                         Foto By Thiago César ou Rafael Lessa (não lembro :P)
Hoje acordei do avesso, não dei bom dia para ninguém e saí sem tomar café. Às vezes tudo parece uma mera encenação, amigos desleais, pais hipócritas, sociedade mesquinha e tudo isso empacotado e endereçado a mim. 


Tirei o dia para pensar, pensar de como sair deste círculo de mediocridade. Andei pelas ruas sem destino, preocupações, horários, amarrações. Entrei num bar, resolvi beber uma para vê se as ideias surgiam magicamente em forma de solução. Mas fiquei foi tonta e saí assim mesmo. Continuei a andar pelas calçadas em paralelepípedos, avenidas rodeadas de prédios altos, monumentais e suas centenas de janelas. Ai! Senti uma dor na cabeça e apaguei. Acordei e percebi que estava no chão, então olhei para o lado e tinha um vaso de plantas rachado. Deixaram cair de alguma dessas centenas de janelas que acertou justamente em mim. Levantei e fiquei mais mal humorada. Continuei a andar, mas resolvi ir para casa. Percebi algumas pessoas correndo no sentido oposto ao meu, mas devia ser alguma coisa desinteressante que atraiu essas pessoas que não tem o que fazer.


Cheguei em casa, passei pela sala, vi a minha mãe atender o telefone e, em seguida, começar a chorar. A minha mãe continua a emotiva de sempre, se emociona com tanta facilidade às tragédias alheias que nem me atrevi a perguntar o que era. Entrei no meu quarto e fiquei trancada. Ouvi a porta bater e percebi que ficara só em casa, do jeito que sempre gosto de estar. Fui tomar um banho, daqueles demorados no qual se lava os cabelos lentamente para deixar cheirosos e relaxar o corpo da tensão de estar no lugar errado com as pessoas erradas. Era assim que eu me sentia. E o banho fez toda a diferença, me sentia leve, limpa. E dormi.


Acordei às 12h do dia seguinte. Fui para a sala, mas não sentia fome. Sentei no sofá e por lá fiquei, até que minha mãe entrou pela porta vestida de preto, amparada pela minha madrinha, que estava de olhos inchados e vermelhos. Vi a cena e não questionei, mas achei estranho não ter sido vista por nenhuma das duas. Foi então que a minha mãe pegou a minha foto da mesa de centro e a beijou, perguntando: - Por que, Deus? Por quê? Por que levastes logo a minha filha?

Luto

Sou filho único e acabei de chegar do enterro da minha mãe. Nunca fiz nada na minha vida, não lavava minhas cuecas e muito menos a louça que eu sujava. Minha mãe existia para me servir e isso bastava. Não sei onde meu pai se meteu desde o meu nascimento, e agora estou aqui sem saber o que fazer. Não deu tempo de chorar, porque tive que resolver como e onde enterrá-la. Ela morreu com depressão, sofria no quarto ao lado do meu e eu nem percebia. Era da faculdade para o meu quarto, do meu quarto para a faculdade, a qual, inclusive, pagava com muito sacrifício e quase não via resultado. Agora sou eu e o meu egoísmo. Fui um parasita, um verme sugador de mãe dedicada. Suguei até onde pude e agora estou sendo sugado pela vida. Implacável e cruel. Não sei se sobreviverei às próximas 24 horas, ou melhor, eu já estou morto há muito tempo. Morto para a vida!

Passional


- E aí, o que vai rolar no dia 13, hein?! Iiiihh, agora que percebi vai cair em uma sexta-feira. Sexta-Feira 13, uuuuuhh! - disse Alice e todos riram.

- Ainda não sei o que ela quer fazer – disse Jonas olhando para Maura.

- Pedi folga e vou querer 24h de sexo. Quero comemorar com o Jonas e a nossa cama – beijou Jonas
- Ah, essa eu gostei! – disse Jonas.

Maura levantou-se e seguiu para o banheiro do restaurante. Passaram alguns minutos, e quando Maura retorna, fita de longe uma conversa descontraída entre os dois e observa que Alice anotara algo na contra-capa do caderno. Eles perceberam a aproximação de Maura e a conversa cessou bruscamente. Maura olha para os dois e pergunta o que estavam conversando.
Alice responde que não é nada de importante. Logo em seguida Jonas a beija e pergunta se pode pedir a conta. Maura balança a cabeça positivamente.
Dois dias depois, Maura ao sair do quarto em direção a sala, escuta Jonas falando ao celular bem baixinho. Alice, do outro lado da linha, dizia que ia levar o bolo na sexta pela manhã.

- Tá, ok! Beijos! – disse Jonas ao desligar o celular.

Maura passou pela sala e foi até a cozinha. Jonas gritou estou indo amor e bateu a porta.
Maura ficou pensando nessa história o resto da semana, como uma ideia fixa, daquelas que lhe engasga a garganta até você gritar aos sete ventos o que lhe atormenta.
Na semana seguinte, foi escalada para um treinamento de tiros, ficaria ocupada até a madrugada de quarta para quinta. A cada dia de treinamento suas tensões e angústias eram externadas com os acertos no alvo. Vibrava como se matasse um inimigo de verdade, matava o motivo da sua fúria.
Quinta pela manhã, aproveitou que Jonas passaria o dia fora e ligou para Alice convidando-a para almoçar.
Assim que Alice chegou, Maura percebeu que ela levara o mesmo caderno daquela noite. Então, aguardou a oportunidade certa e folheou o caderno encontrando na contra-capa o número de um celular e a letra “J” ao lado. Logo em seguida, Alice retorna do banheiro e Maura mostrando o número, pergunta:

- O que o número do Jonas está fazendo no seu caderno?

- Não é do Jonas. – respondeu Alice.

- Quer me fazer de idiota? Acha que eu não saberia o número de celular do meu próprio namorado?

- Não é nada demais, Maura, eu garanto!

- Não seja imbecil, garota, acha mesmo que eu vou acreditar nisso? Eu já tinha percebido o seu jeito para o lado dele, sua vadia!!

- Não me chama de vadia! Eu só estava querendo ajudar na surpresa, então foda-se!! - e deu as costas, dirigindo-se em direção a porta.

- Sua mal fudida!!! – gritou Maura, enquanto via aquele  corpo lentamente cair com um buraco no meio da cabeça.

Maura largou a arma na mesa, calmamente pegou o maço de cigarros e saiu.
Sentada nas pedras, fumou um cigarro, ficou ouvindo o barulho das ondas enquanto contemplava o pôr-do-sol.

sexta-feira, junho 3

Pegadas



Caminhei com os pés pesados na areia
As pegadas ao meu lado eram suas
Vagarosas, cuidadosas
Em uma noite de luar a nos espreitar
Então sentamos
E o céu estrelado
Roubou nossa atenção
Enquanto o silêncio brigava com o ruído do vento
Seus cabelos teimosos punham-se a dançar
Discretamente o meu olhar
Desviou para lhe observar
Perfil cuidadosamente delicado
A boca entre aberta de encantamento
Olhava o cruzeiro no infinito céu
Eu sabia que se os olhares se encontrassem
Sem palavras se perderiam
No silêncio de um instante
Nos segundos antes do beijo