domingo, outubro 9

Luto

Sou filho único e acabei de chegar do enterro da minha mãe. Nunca fiz nada na minha vida, não lavava minhas cuecas e muito menos a louça que eu sujava. Minha mãe existia para me servir e isso bastava. Não sei onde meu pai se meteu desde o meu nascimento, e agora estou aqui sem saber o que fazer. Não deu tempo de chorar, porque tive que resolver como e onde enterrá-la. Ela morreu com depressão, sofria no quarto ao lado do meu e eu nem percebia. Era da faculdade para o meu quarto, do meu quarto para a faculdade, a qual, inclusive, pagava com muito sacrifício e quase não via resultado. Agora sou eu e o meu egoísmo. Fui um parasita, um verme sugador de mãe dedicada. Suguei até onde pude e agora estou sendo sugado pela vida. Implacável e cruel. Não sei se sobreviverei às próximas 24 horas, ou melhor, eu já estou morto há muito tempo. Morto para a vida!

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