sábado, outubro 9

Vinho Tinto

Acordei. Não reconheci o lustre triangular no teto. Desci o olhar, encontrei muitos livros de vários gêneros em uma estante, logo ao lado um painel com várias fotos, foi quando senti um pé entrelaçado ao meu, e só aí percebi o quanto tinha bebido na noite passada.
- Foi na festa da Gabi, ela comemorava os seus vinte e poucos anos num barzinho bastante freqüentado entre os universitários. Entre um copo e o outro percebi um olhar a me seguir. Sou sensível a olhares seguidores e, num segundo, os olhares se encontraram por um momento estático, olhar que desseca, analisa e transcende desejo. Começou a tocar uma música que adoro, e após o efeito do vinho dispenso até par para dançar, saio solta a rodopiar. Uma mão firme, com dedos grossos, unhas retangulares, me apoiou - sou louca por mãos masculinas elas me seduzem. – Corri o olhar até chegar ao rosto, era ele. O rapaz da mesa ao lado pediu para me acompanhar na dança, suas mãos procuravam as curvas da minha cintura e a minha buscou seu ombro com delicadeza. Os olhares continuaram fixos e a música pareceu infinita. Os olhos de um verde intenso, cabelos negros e pele morena, músculos trabalhados e uma incrível habilidade na dança. A festa continuou ao paladar do tinto e das boas conversas ao pé da orelha. Aceitei conhecer seu apartamento. Ele morava sozinho, cursava o último ano de letras e adorava Chico Buarque. Sentamos em algumas almofadas no chão da sala e continuamos a conversar, a garrafa já estava na metade e a luz amarela do abajur deixou um clima de aconchego e romance. Essa foi a última coisa que me lembro.
Tirei aos poucos o meu pé, e o olhei com carinho. Dormia tranqüilo, respiração vagarosa e um lado do rosto escondido no travesseiro.

2 amor e ilusão:

Thiago César disse...

belo texto!

Patrícia Freitas disse...

Nossa! Que texto envolvente!!!!!!!! Danada!!!!!!!!
patrícia